terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nildo Viana, um marxista esperantista

Nildo Viana, um marxista esperantista

Renato Casagrande

Nildo Viana, renomado sociólogo e filósofo brasileiro, vem se destacando por sua contribuição para pensar a cultura, os valores, o psiquismo, arte (cinema, quadrinhos, música), futebol, por um lado, e o capitalismo contemporâneo, os dilemas da acumulação capitalista, o neoliberalismo, pós-modernismo e outros fenômenos contemporâneos, por outro, também contribui com discussões metodológicas, sobre marxismo, psicanálise, violência, educação e inúmeros outros temas. Sua erudição e variedade temática é assustadora, mesmo porque não é um octagenário como alguns pensariam.

Um destes temas é a questão da linguagem e do discurso, que pode ser visto nos inúmeros posts em seu blog Informe e Crítica (http://informecritica.blogspot.com/). Uma coisa curiosa é que além de estudar linguagem e discurso, ele é um esperantista, defende o esperanto, idioma artificial criado por Zamenhof, como segunda língua mundial e, portanto, universal. O esperanto sempre teve defensores nos meios anarquistas e espiritistas, mas dentro do marxismo é algo bem pouco usual, e esta é mais uma singularidade de seu marxismo, revolucionário-autogestionário, que não deixa de lado as questões do cotidiano e da cultura e os problemas psíquicos (como se vê em sua aproximação com a psicanálise) e com a questão do idioma e da linguagem.

Assim, é um marxista esperantista e por isso é preciso analisar profundamente os seus escritos sobre discurso e linguagem, extremamente radicais e que mostram o enraizamento social e político dos idiomas e discursos, bem como sua dedicação ao estudo do esperanto, que pode ser vista no breve artigo "Esperanto: Língua Universal" (http://informecritica.blogspot.com/2011/02/esperanto-lingua-universal.html), quanto em seu estudo mais aprofundado, "Esperanto, Linguagem e Poder". Uma excelente contribuição ao marxismo e mais uma demonstração de que quanto mais este pensador produzir, mais o marxismo será enriquecido.

Um marxista esperantista que traz em si a utopia e a esperança autogestionária e o signo da liberdade, igualdade, movido por um humanismo radical, proletário, revolucionário, que poucos saberão compreender e que traz em si o germe de novas revoluções teóricas, mortas desde o fim do comunismo de conselhos.

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